
No ano de 1988 chegava aos cinemas a película Halloween IV - O Retorno de Michael Myers (Halloween IV - The Return of Michael Myers), que trazia novamente o psicopata Michael Myers ("interpretado" pelo dublê George P. Wilbur) e seu arquiinimigo Dr. Loomis (novamente encarnado pelo sempre excelente Donald Pleasence), mas sem uma personagem de peso: a irmã do maníaco Laurie Strode (a "rainha do grito" Jamie Lee Curtis, nos dois primeiros filmes).
A história se passa dez anos após os eventos do segundo filme, ignorando - inteligentemente - qualquer fato apresentado na parte III. Michael encontra-se inconsciente, que descobriremos em breve não ser verdade, em um manicômio alimentando sua raiva e cede de vingança durante uma década, e supervisionado - além dos médicos e seguranças do local - pelo Dr. Loomis, que acredita que o psicopata é a pura encarnação do mal, não dorme e não descansa, e que, a qualquer momento pode despertar.
O filme começa na noite de 30 de Outubro de 1988, em meio a uma tempestade - como de cosutume em filmes desse gênero - e uma ambulância com um médico e uma enfermeira chega até o hospital psiquiátrico para trasnferir Michael, que agora é considerado um criminoso de responsabilidade federal. Primeiro furo (de muitos que serão apontados) no roteiro: um criminoso sádico que matou 16 pessoas e que está apenas inconsciênte será transferido em uma... ambulância apenas (!!!) sob a supervisão de um médico e uma enfermeira (!!!)... é muita (falta de) inteligência não?
Dentro do hospital, o guarda que acompanha a "equipe" médica não para de falar sobre o assassino, aterrorizando-os com as histórias sobre o indivíduo que será transportado. O responsável pelo local (Michael Pataki) demonstra-se agradecido e aliviado pelo fato de Myers sair se suas dependências, além de fazer questão de não avisar a Loomis, o qual tem certeza que seria contra a transferência.
Já na ambulância, Michael disperta, mata o médico, esmagando seu crâncio - em uma cena interessante e a ataca a enfermeita. O veículo é jogado em um lago, para que todos achem que a tempestade causou o acidente e o próprio assassino está morto.
Dr. Loomis, agora semi-debilitado devido ao seu último confronto com Myers, com queimaduras das mãos e no lado esquerdo do rosto - tranzendo uma falha grotesca da equipe de maquiagem, pois a cada cena as queimaduras têm um tamanho e aspecto diferente - e uma "perna manca", se revolta ao saber que o assassino fora transferido e, ao receber a notícia sobre o acidente envolvendo a ambulância, duvidando que o maníaco tenha morrido no acidente, inicia sua busca para encontrar o psicopata e impedir que mais mortes aconteçam. Loomis vai a cidade de Haddenfield, onde tudo começou, pois crê que Michael irá atrás de sua sobrinha Jamie (Danielle Harris) - mais um furaço no roteiro! A garota nasceu após os acontecimentos de Halloween II, o assassino nunca viu a garota na vida então... por que e como raios ele sabe quem a garota é e onde encontrá-la?
A menina vive em uma família adotiva, tem um relacionamento complicado com sua "irmã" Rachel (Ellie Gottwald) e sempre tem pesadelos com um homem misterioso usando uma máscara de halloween (mal sabe ela que se trata de seu "querido" tio, Michael Myers).
Daí pra frente não é muito difícil de imaginar o que acontece: noite das bruxas, perseguição do maníaco e muitas mortes (Michael dizima até uma delegacia inteira!). E claro, deixando vários falhas que pesam: quando sua filha é morta, o xerife nem fica sabendo e muito menos mostra-se preocupado (!!!); em uma determinada cena, o velho e debilitado Dr. Loomis é atirado de uma janela e... além de sobreviver, fica apenas com alguns cortes no rosto; a máscara de Myers aparece em diversas versões, inclusive com a cor do cabelo loiro (!!!); quando o assassino é baleado e cai em um poço sendo então soterrado, Loomis o considera como acabado, sem nem se quer ficar preocupado se ele pode voltar ou não (isso que Michael sobreviveu a 6 tiros, disparados pelo próprio Dr. Loomis na parte II)... essas são apenas algumas, só para citar.
O filme tem alguns méritos como as mortes, algumas até criativas. Um outro ponto positivo é a tentativa de manter um clima de tensão e claustrofobia, com as ruas escuras e desertas, uma cidade que fica sem policiais e o aprisionamento dentro da casa do xerife. Vale apontar positivamente também, a proposta, de retomar a série e mantendo alguns elos consistentes com os filmes anteriores. Mas o grande destaque fica para a ótima atuação do sempre carismático e (muito) competente Donald Pleasence que nos apresenta um Dr. Loomis determinado a acabar com Michael Myers, mas que ao mesmo tempo teme o assassino e não sabe um modo exato de exterminá-lo de uma vez por todas.
No geral é um bom filme, o diretor Dwight H. Little trás novos ângulos de câmera e tenta manter o clima dos primeiros "episódios" - mesmo que este Halloween IV não chegue aos pés do original - mas que trás erros que são tolos, que teriam fácil correrção se bem observados pelos produtores, mas que somados, atrapalham o desenrolar da história.
A película ainda trás um final inspirado (leia-se copiado, xerox) no fechamento de outra 4ª parte de uma franquia, no caso, Sexta-Feira 13 Parte 4 - O Capítulo Final (que de episódio final não tem nada).
Um filme interessante, mas que não deve ser levado muito a sério, e não se deixe atrapalhar pelos erros - além do que, os próximos filmes da franquia seriam muito piores - e aproveite. Afinal, é sempre bom ver um em ação dos personagem do cinema de horror, Michael Myers. E as atuações de Donald Pleasence também.
"O que ele é?" - Xerife
"O mal." - Dr. Loomis
Nenhum comentário:
Postar um comentário