O Poderoso Chefão: Personagens

Don Vito Corleone por Marlon Brando

De acordo com o romance de Mario Puzo, Don Vito Corleone nasceu no dia 7 de Dezembro de 1891, mas foi apenas no ano de 1972 que o personagem ganhou vida, através dos gestos, caracterização e interpretação - magistral - de Marlon Brando.


Para conseguir o papel, o ator foi submetido a testes - apesar de na época ser o melhor ator do mundo - como se fosse um "estreante". Isso ocorreu através das exigências dos executivos da Paramount, devido a fama de Brando de encrenqueiro e sempre chegar atrasado. O diretor Francis Ford Coppola, ao invés das falas previamente ensaiadas, deixou o astro fazer seu próprio improviso: "engordou" as buchecas com enchimento (pedaços de queijo) e toda sua habilidade adquirida nos filmes anteriores. A aposta de Coppola em Marlon Brando viria a ser recompensada com uma das - para este que vos escreve, dentre as 10+ - melhores atuações da história do cinema, cenas memoráveis e um Oscar de Melhor Ator (na noite da entrega da estatueta, uma atriz vestida de índia subiu ao palco para receber o prêmio, era o protesto de Brando à política anti-indígena do governo americano).


Marlon Brando nos apresenta um Chefão do crime que tem entre os maiores valores a família, amigos e lealdade. Vê nas drogas a ruína dos Gângsters, algo que é apresentado no filme como o futuro de negócios e enriquecimento para os Chefões (o que mostra uma cautela e atenção e ao mesmo tempo, conservadorismo da personagem). Tem como braço direito seus filhos Sonny (James Caan), Fredo (John Cazale) e Tom (Robert Duvall) - este encontrado na rua por Sonny e adotado pela família e que atua como Consigliere. Temos ainda sua filha Connie (Talia Shire, irmã de Coppola na vida real) e seu filho mais novo Michael (Al Pacino), este último, herói de guerra, recusa-se a participar dos negócios da família e a quem o próprio Don Corleone deseja um futuro fora dos negócios de Gângsters.


O que temos nesse filme é uma aula de interpretação deliciosamente "ensinada" por Brando: sensibilidade, equilíbrio de elegância e sobriedade da personagem, um homem que apesar de criminoso, tem seus valores e respeito. Sua interpretação visceral - desde as bochechas "volumosas" e voz rouca até os detalhes nos olhares e gestos - deve ser absorvida e analisada com atenção e fascínio. Cada olhar, cada movimento de suas mãos, face, cada sentimento exposto é um deleite para quem assiste. Tal - soberba - representação, nos presenteia com cenas inesquecíveis como o tiroteio na feira, as cenas iniciais no casamento, o momento no hospital em que é salvo por seu filho Michael - seu olhar de alegria e lágrimas ao ver o filho ao seu lado é de uma sensibilidade simples e única - a reunião com as 5 grandes famílias e por fim a morte na plantação de tomates.


Don Corleone reapareceria ainda em O Poderoso Chefão - Parte II na pele de Robert De Niro, interpretando (perfeitamente) um Vito mais jovem, mostrando sua ascensão até o posto de Padrinho. Mas será na voz rouca, nos gestos e no carisma de um dos maiores atores de todos os tempos que Don Vito Corleone permanecerá para sempre, na história do cinema, na nossa mente e imaginação.



"Eu farei uma oferta que ele não poderá recusar."


Don Vito Corleone







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